Category Archives: Universidade do Minho

Verdade ou consequência?

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Um título que é um jogo, num evento para levar a sério. Hoje, a partir das 9h30, há Jornadas de Ciências da Comunicação, na Universidade do Minho, em Braga. É a 11.ª edição das jornadas, com um programa de dois dias e diversos pontos de interesse.

Destaco a apresentação do livro “O Jornalista em construção”, de Joaquim Fidalgo, professor universitário e jornalista que dispensa apresentações. A obra baseia-se na tese de doutoramento que o autor defendeu em Janeiro de 2007, com o título “O lugar da ética e da auto-regulação na identidade profissional dos jornalistas”. Mais sobre o lançamento do livro aqui. Quanto às conferências:

Hoje, 

Sessão de abertura
Moisés Martins, Presidente do Instituto de Ciências Sociais
Felisbela Lopes, Directora do 1º ciclo de Ciências da Comunicação
Manuel Pinto, Director do 2º ciclo de Ciências da Comunicação
Cláudia Lomba, Presidente do GACSUM

10h30 – O Jornalismo é manipulação?
Carlos Rodrigues Lima, Jornalista do Expresso
José Pedro Marques Pereira, Jornalista da RTP
Manuel Carvalho, Director-adjunto do Público
Paulo Baldaia, Director da TSF

Apresentação do livro  “O Jornalista em Construção”, de Joaquim Fidalgo

14h00 – Realidade ou cosmética nas empresas
Alexandre Silva, Comunicação Corporativa – Bosch
Carlos Liz, Director geral da APEME
José Menezes, Director de Comunicação da leYa
Júlia Costa, Coordenadora de eventos – Solinca/Sonae

 

17h00 – Desenvolvimento de Videojogos e Ambientes Interactivos
Diogo Andrade, Director Criativo e de Tecnologia da Spellcaster Studios

Filipe Pina, Produtor de jogos da Seed Studios

Ivan Franco, Director de I&D da YDreams

Nelson Calvinho, Director da revista de jogos Hype!

À noite, na sede da Velha-a-Branca, em Braga: exibição de curtas-metragens do Take One! – Festival de Curtas de Vila do Conde

Amanhã, 2 de Abril

9h30 – Pós-Produção ou Efeitos Visuais
Diogo Valente, Director Criativo da Dreamlab
Luciano Ottani, Realizador da Showoff-Films

11h15 – A marca “Portugal”
Carlos Coelho, Presidente da Ivity Brand Corp;
Francisco Coelho, Docente do IPAM
Henrique Agostinho, Director de marcas da Sonae Sierra

14h30 – Novo perfil do profissional de comunicação
André Rabanea, Director da Torke Stunt Marketing Estratégico
Pedro Almeida, Director do Mestrado Comunicação e Multimédia da Universidade de Aveiro

16h30 – As consequências do curso: ex-alunos
Adelina Cabral, Relações Públicas da IMAGO
Hélder Beja, Jornalista do Semanário Sexta
Lina Vilela, Gestora de contas da LOWE
Madalena Barbosa, Directora editorial da Esfera das Ideias
Sara Antunes Oliveira, Jornalista da SIC
Telmo Dourado, Editor de conteúdos da RTP

 

Noite na Velha-a-Branca
Ex-alunos contam os bastidores do estágio e peripécias da profissão

 

Mais informações no blogue do Grupo dos Alunos de Comunicação Social da UM, que organiza, como de costume, o evento. O blogue promete fazer uma cobertura das jornadas.

Agora imaginem esta equipa com os bolsos cheios de dinheiro

Ponham os olhos no jornal online ComUM e na sua edição impressa gratuita, lançada em Fevereiro. É um resultado excepcional, atendendo ao amadorismo que caracteriza a imprensa académica. É um resultado excepcional, atendendo a que são ambos feitos (e distribuídos) de borla. O ComUM online, além de jornal, é também porta de entrada para um fórum e áreas que estão abertas a todos os que queiram registar-se (novamente de borla). É um resultado mais web 2.0 que as edições online dos líderes de vendas em Portugal, JN e Correio da Manhã (que apresentará um novo site a 19 de Março). Em suma, excepcional.

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O conteúdo noticioso segue uma linha editorial que privilegia os critérios da proximidade (Universidade do Minho e respectiva região), actualidade (agenda própria mas intrinsecamente ligada aos acontecimentos do dia-a-dia) e multimedialidade (escolha do melhor suporte para contar a respectiva história). Tudo isto assegurado inteiramente por alunos de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho (daí o nome ComUM, Comunicação da Universidade do Minho), e disponível através de outros meios (feed, SMS via Twitter). O jornal assegura ainda uma newsletter para subscritores.

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A cereja em cima do bolo é a edição impressa, lançada há 15 dias. No papel aproveitam-se alguns dos trabalhos do online, mas a equipa teve a preocupação de diversificar o conteúdo. E conseguiram-no, compondo uma versão impressa equilibrada e digna do estatuto universitário. Ao contrário de outras experiências funestas de jornalismo académico na UM, o ComUM consegue ser arrojado sem ser insultuoso, simples sem ser indigente, criativo sem ser histérico, com secções minimamente pensadas e organizadas de forma a facilitar a leitura e cativar a atenção. Se o deixarem crescer, pode transformar-se no jornal que faz falta na UM. Parabéns.

Disclaimer: eu e o jornal ComUM partilhamos qualquer coisa.

Verbaliza a sua insatisfação/satisfação através de críticas destrutivas potenciadoras de instabilidade no seio dos seus pares? (III)

Disclaimer: Este post começa com um merecido elogio. Leiam-no primeiro, e façam o favor de voltar. Obrigado. 

Infelizmente, o Rui Passos Rocha (e todos aqueles que, com o seu silêncio, se tornam cúmplices) parece não conhecer a história do ComUM. Não conhece, nem estará interessado em conhecer. Aliás, parece é que tem algum problema com esse passado. Primeiro, é responsável pelo apagão sobre dois anos de trabalho do ComUM, que estavam alojados no antigo domínio .net, entretanto desactivado. Desconheço o paradeiro e o estado de conservação desses arquivos, que representam dois anos de trabalho (2005-2007) de colegas e ex-colegas dele. Não satisfeito com isso, o Rui embarcou ainda numa marcha revisionista. É o que faz neste e neste texto, onde distorce e conta a história, não como ela é, mas como lhe soa melhor, ou como gostaria que tivesse sido.

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Acima, vemos o número zero do jornal ComUM. Foi publicado pela primeira turma do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho, que no ano seguinte forneceria os primeiros licenciados do curso. A edição tem data de Novembro de 1995, e assina como director o então aluno Luís Miguel Marçal, hoje jornalista da SIC. O Rui pode escrever que a revista COMUM nasceu em 1994 quantas vezes quiser. A verdade histórica, que me foi confirmada pelo próprio Luís Marçal, numa conversa recente em Vila Verde, Braga, não é a que o Rui conta. É aquela que a imagem acima comprova.

Algures entre 1994 e 1997, este jornal desapareceu. Não consegui apurar a data exacta, mas andando em pesquisa pela versão antiga do site do Departamento de Ciências da Comunicação da UM, encontrei um link para a revista comum. Eis a capa desse número:

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Tem data de Maio de 2001 e refere o ano quatro de publicação, ou seja, ter-se-á estreado em 1997. Note-se que a revista tem presença na net (mais uma vez ao contrário do que diz o Rui) e também tem um fórum (cujo endereço não publico, porque as páginas de destino estão abandonadas e cheias de spam). Desconheço quando deixou de ser publicada a revista, mas não será difícil chegar a essa informação. Certo é que em Novembro de 2005, o Hélder Beja e o Hugo Torres apresentaram-me o Comum online (com esta grafia e alojado num domínio .net). São pois os fundadores desse Comum, que em 2007 desapareceu às mãos da actual direcção.

Em Fevereiro de 2008, surge um novo ComUM em papel. Eis a primeira página da primeira edição:

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A equipa deste jornal é livre de assumir a parte do legado que mais lhe interessa ou convém. Mas era escusado deturpar a verdade dos factos. Como até agora ninguém se mostrou interessado em corrigi-lo, assumi eu a odiosa tarefa.

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Relembrar um dia negro para o jornalismo português

O dia 10 de Junho de 2005 entra para a História como um dia negro para os Media portugueses, que noticiaram um alegado “arrastão” na praia de Carcavelos. Canais de TV, rádios, jornais, todos foram enganados – e enganaram-nos. Foi a nossa “chacina-fantasma de Timisoara” (descontadas as diferenças). O clip que podem ver inspira-se no documentário de 20 minutos intitulado “era uma vez um arrastão” (estreado na net e inédito em TV), produzido por Diana Andringa. O documentário já não pode ser visto no respectivo site, porque este deixou de existir, mas se ‘googlarem’ o tema, encontrarão o original retalhado no YouTube. Aqui recupera-se, a partir desse documentário, os elementos essenciais dessa fraude, entretanto desmontada mas, na minha opinião, ainda não totalmente esclarecida (ninguém foi sancionado, nem polícia, nem jornalista – com excepção da “condenação” da então Alta Autoridade para a Comunicação Social -, nem o sr. Hélder Gabriel, a única “testemunha”-fotógrafo, que aqui parece estar na génese da orquestração).


3’56”

O clip, montado em Novembro de 2005 como material de apoio para um trabalho de curso, foi o meu primeiro contacto com o programa de edição vídeo Adobe Premiere. Tem, por isso, algumas insuficiências que, infelizmente, (ainda) não pude corrigir. Mas o facto de ter sido ‘linkado’ há dias pelo Arrastão do Daniel Oliveira, fez-me relembrar esse episódio infeliz da nossa história recente e este clip, no qual coloquei o essencial acompanhado de uma banda sonora cuja única função é reforçar a “montanha russa” emocional do pseudo-arrastão.  No fim, os créditos surgem cortados porque na conversão e compressão do ficheiro AVI houve alguns frames que se perderam. Sublinho, por isso, que as imagens originais foram retiradas do documentário de Diana Andringa, que acabou por me autorizar na utilização dessas imagens. Onde me encontro actualmente não tenho acesso ao origional nem aos meios para fazer as correcções necessárias, que ficam ao mesmo nível dos desmentidos da imprensa: talvez um dia…

Noticiando en español

Ao contrário do que me aconteceu em Portugal, aqui no ELPAIS.com pude escolher a secçao (teclado espanhol nao tem o til). Escolhi o Internacional.

Um exemplo do que ando a fazer: “Estados Unidos envía 3.000 soldados más a Afganistán“.

E outro: “Un juez rechaza la investigación sobre la destrucción de las cintas de la CIA

E para terminar um dia bom e pôr termo a esta espécie de exibicionismo, o par que compõe as quatro notícias publicadas hoje: “EE UU lanza el mayor ataque aéreo en Irak desde 2006” e “Fracasan las negociaciones entre el Gobierno y la oposición de Kenia“.

Um onde-está-o-Wally com (g)raça

Um vídeo promocional, do tipo chamado viral. Comigo algures pelo meio. Produzido pela Krypton que tem a Ana, amiga do peito, como assistente de produção estagiária. São só 30 segundos. Descubram o Wally.

KRYPTON PRODUCTIONS

Nota: o título desta entrada foi alterado

Antes que chegue el periodismo

A gripe obrigou-me a antecipar o fim do estágio no PÚBLICO, mas para concluir esta fase da minha vida académica e profissional, falta outro desafio. Daqui a uns minutos, (re)começa tudo de novo, agora na secção digital do EL PAÍS, em Madrid, onde já estou desde ontem.

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Vejamos se a prática do periodismo me deixará tempo e vontade para continuar a vir aqui.

Y ahora, para algo completamente diferente

Um texto, para variar. Num dia em que não saí de casa porque o corpo não deixou. No local do estágio (que está a terminar), atendeu-me uma voz desconhecida, a do meu substituto. A cadeira de estagiário não tem descanso. Nem arrefece.

Vida nova

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Lisboa, 6 de Novembro de 2007

Abracei o jornalismo como profissão em 1999, entrei na universidade nesse mesmo ano, mas só comecei a levar o curso a sério uns tempos depois, e agora estou a acabá-lo. Durante todos esses anos, escrevi e publiquei centenas de notícias sobre diversos temas, mas devem contar-se pelos dedos de uma mão as que eram relacionadas com desporto. Um cenário que vai mudar forçosamente a partir de hoje, dia em que comecei o meu estágio curricular, no PÚBLICO, em Lisboa, na secção de desporto. Portanto, é como se a experiência não existisse e tudo (re)começasse do zero: sem fontes, sem experiência na área, sem conhecer a cidade, sinto-me um estagiário em todo o seu esplendor (e insegurança).

Bolonha: a golpada nas universidades

(ACT. 06/11) O famigerado processo de Bolonha revela-se cada vez mais um subterfúgio para o Estado dar a golpada financeira no ensino superior público. A dimensão da fraude torna-se evidente, à medida que os cursos vão sendo reformulados.

Vejamos o caso do meu curso, Comunicação Social da Universidade do Minho. Com a mudança para Bolonha, a “licenciatura” passa de cinco para três anos, e os 4.º e 5.º ano passam a constituir o chamado segundo ciclo. A escandaleira está num aumento desproporcionado e injustificado de propinas para estes dois últimos anos, agora transformados em segundo ciclo. Vejamos novamente o meu caso (que é o de todos os alunos do curso): em 2006/2007 paguei 940 euros de propina anual para frequentar o antigo 4.º ano. Este ano vou pagar 1375 euros, porque passei para o segundo ano do segundo ciclo. Fazendo as contas, é um aumento de quase 50 por cento nas propinas, o que, por si só, é (não conheço outro nome) uma roubalheira.

Convém não esquecer que o meu curso não é caso isolado e, exceptuando as especificidades que acabo de expor, a mesma situação ocorre, mutatis mutandis, em dezenas ou centenas de outros cursos. Basta lembrar o que disse o ministro Mariano Gago, há um ano atrás: “as propinas de mestrado vão ser iguais às de licenciatura para os cursos em que este grau de ensino seja necessário ao acesso dos alunos à profissão“. Ou seja, para o Estado português, um curso de três ano é o mesmo que um curso de cinco, desde que não haja nenhuma Ordem (Arquitectos, Médicos, Engenheiros,…) a exigir uma formação de cinco anos para acesso à profissão.

Conclusão número um: é a “morte” (para efeitos de financiamento público) das Ciências Sociais, das Artes, de muitos cursos de Ciências Exactas. Conclusão número dois: o financiamento estatal do ensino superior é definido por um único critério subjectivo (o poder de uma determinada Ordem).

Infelizmente, Alberto Amaral, professor universitário e antigo reitor da U. Porto tinha toda a razão quando, há anos, alertou para as “agendas ocultas” de Bolonha (link actualizado, documento PDF, 765kb) e para o corte no financiamento das universidades que o processo ia acarretar. Amaral não foi o único a alertar que Bolonha só serve para poupar dinheiro. Mas ninguém lhe deu ouvidos, e aqueles que deram, a seguir calaram-se – ou perderam o pio. É curiosa a reacção na altura do professor Manuel Pinto, alguém ligado ao meu curso, precisamente: “Se as considerações que ele [Alberto Amaral] tece têm algum fundamento, não nos faltariam razões para emigrar… ” É pena que tamanha preocupação do professor Manuel Pinto não tenha travado uma mudança para Bolonha que é extremamente penalizadora. Para já, quem paga as favas são os alunos. Mas o país que não descanse à sombra da bananeira – a factura há-de chegar.

Post-scriptum: Questionados várias vezes, por diferentes alunos, desde Junho passado, os responsáveis do curso de Comunicação Social da Universidade do Minho foram respondendo sempre que não sabiam qual seria o valor da propina (eu dizia que ia ser muito alto, mas não tinha provas). “Um aumento de 20 por cento até será justo”, respondeu na altura a directora do curso (cito-a de memória). Acontece que há dias ficámos todos a saber que o aumento é de quase 50 por cento e que esse valor foi fixado pelo Senado em Julho. Cada um tira as suas conclusões. Eu digo apenas isto: lamentável…

ACT. 07/11: Leiam o que acrescenta Manuel Pinto na caixa de comentários a este post. É informação relevante.