A propósito do novo site do JN

Primeiras impressões sobre uma mudança aguardada. O Jornal de Notícias lançou o novo site. Globalmente, nota positiva (mas pior era difícil, só mesmo fazendo igual ao actual DN). Noutra perspectiva, diria que quem dirigiu esta mudança jogou para ficar ao nível da concorrência. O mesmo é dizer que mudaram para ficar igual aos outros. Visto por esse prisma, diria que a inovação e a imaginação ficaram de fora. Meteu-se o vídeo, que não tinham – contando aqui com a preciosa ajuda da “sinergia de grupo” via SportTV para oferecer o futebol, tal como ja faz O Jogo – abriu-se espaço à infografia (ausente no modelo anterior) e mudou-se radicalmente a organização do noticiário.

A nova homepage fica com clara vocação para funcionar numa lógica semelhante a de uma “primeira página” de jornal impresso, o que é positivo (não me ocorre melhor exemplo que este, aqui tão perto, e muito premiado) quer para quem lê quer para quem tem de “vender” as suas histórias. No entanto, nota negativa para a utilização de letras coloridas para destacar as áreas do site. Uma solução pobre, que fica a léguas do que é user friendly – por mais que se queira, ler num ecrã de computador não é o mesmo que ler em papel.

Nem todas as notícias parecem ter espaço para comentários dos leitores. É uma decisão discutível, mas não há nada mais desolador que ver uma carrada de textos com zero comentários e o “novo” JN ainda corre esse risco. Mas esta é a lógica de quem trabalha numa redacção e nem sequer é consensual. Percebe-se que é uma opção desagradável para os leitores, porque reduz, a priori, o espaço de participação, condicionando desse modo a interactividade.

Quanto a notícias, o que vi foi o noticiário da edição impressa. Será preciso esperar para ver se é esse modelo de site que o JN quer ou se, pelo contrário, a aposta no online é mesmo a sério e também passa pelas breaking news. Ou seja, se vai haver actualização, o que pressupõe a existência de uma equipa, que trabalhe. Caso contrário, terão apenas arranjado um embrulho diferente. O que para uma mudança em 2008 do primeiro jornal português a colocar a sua edição imprensa na rede (foi em 1995), convenhamos, seria (muito) pouco.

Uma palavra final para o contexto de mudança nos principais órgãos da Controlinveste. Depois do novo site da TSF (lançado sem as devidas precauções como se dá conta aqui)  e deste do JN, falta apenas “tratar” do Diário de Notícias. É estranho que a mudança tenha começado por aqueles que menos precisavam, mas deseja-se que a espera valha a pena.

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